Coelho, Mercês e Destri vão explorar filão conhecido como descomissionamento
José Mauro Coelho, que ocupou a presidência da Petrobras no ano passado, já decidiu qual será seu foco nos próximos anos: ao lado de dois sócios, vai explorar o bilionário mercado de “aposentadoria” de plataformas de petróleo. Juntaram-se a ele na empreitada Guilherme Mercês, ex-secretário de Fazenda do Rio, e Mauro Destri, que foi da Petrobras por três décadas e hoje é consultor.
Os três serão sócios de um novo braço da consultoria Aurum Energia, de Coelho, exclusivamente focado no filão conhecido como descomissionamento. Ele abrange o desmonte, o desmantelamento e a destinação da sucata das unidades.
O processo é necessário porque as plataformas têm “data de validade”: sua vida útil é de cerca de 25 anos. Como foi no fim dos anos 1990, com a abertura do mercado de petróleo no Brasil, que a produção deu um salto, o país se prepara para aposentar mais de uma centena de unidades em um curto espaço de tempo.
A tarefa exige investimento pesado. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) calcula que foram gastos R$ 6 bilhões com ela só no ano passado e estima que R$ 9,8 bilhões serão aplicados este ano. Entre 2022 e 2026, a cifra acumulada será de R$ 51,5 bilhões — sendo R$ 30 bilhões no Rio. Só a Petrobras prevê gastar US$ 9,8 bilhões (R$ 48 bilhões) com isso até 2027.
— Essa é a grande oportunidade do setor nos próximos anos, e há espaço para empresas que vão desde aquela que efetivamente vai cortar os dutos até para terminais portuários, passando pelo setor de reciclagem. A cadeia é enorme — explica Coelho.
A Aurum vai prestar consultoria e planejamento para toda sorte de ator dessa cadeia, diz Mercês, que também foi economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da Firjan:
— Esse mercado vai exigir expertises complementares, desde a identificação dos ativos até a parte tributária, da regulação ao aspecto ambiental.
Os três se juntaram há 15 dias e querem agregar mais dez pessoas ao time. A prospecção de negócios vai começar agora. Os serviços irão da assessoria aos leilões da Petrobras à gestão do desmantelamento em si.
— A gente vai estar de olho nos projetos de descomissionamento da Petrobas, mas não vamos nos ater apenas à empresa. Todas as companhias que têm o que explorar nesse nicho precisarão de inteligência de mercado para atuar — argumenta Mauro Destri.